Há dias venho tentando transferir para o papel o começo de
uma história que mora no meu coração e que achei melhor chamá-la de “as
aventuras de Ester”.
Confesso que se tornou mais difícil porque “as aventuras de
Ester” estão envolvidas em saudades e lágrimas.
Ester nasceu e viveu aqui por sete anos.
Pense na revolução que Ester fez na nossa vida e na nossa
casa quando aqui chegou.
Antes da chegada de Ester, estava, eu... Em companhia do
silêncio... Da solidão e da expectativa pelo que haveria de vir com o
desconhecido futuro.
De repente não mais que de repente a estrela Ester nasceu
e com seu brilho que lhe peculiar, ofuscou, arrebatou a mim, tomou o lugar do
silêncio, espantou a solidão e marcou presença no meu futuro tão esperado.
Rotina essa... Não existe mais. O silêncio e a solidão
fizeram as malas e partiu.
Ao longo desses anos ouviam-se muito por aqui frases
repetitivas e já tão corriqueiras.
- Abaixe o volume da televisão.
- brinquedos espalhados pelo chão é sinal de perigo.
- cuidado com a idosa.
- é hora de tomar banho.
– coma tudo senão não vai á pracinha. (Ela adora)
- desliga esse telefone.
- colocou ração para os peixes?
- já fez a tarefa da escola?
- Ufá... Só canseira.
E de repente não mais que de repente, Ester resolveu
iluminar outro lugar em companhia de uma jovem senhora, sua mãe, mulher
guerreira que busca juntamente com a sua princesa viver grandes momentos de paz
e harmonia.
A sua nova casa
não é tão longe daqui, mas por certo, ouviram, e já está no caminho de volta a
solidão, o silêncio, mas certamente no meu futuro sempre estará “Ester e suas
aventuras”.
Para que o ninho não fique totalmente vazio, dividimos as
“coisas de Ester” e a cada passada na casa da vovó uma nova aventura.
E me vejo passando pela terceira vez pela síndrome do
ninho vazio. Sofremos quando os filhos vão embora como também pelos netos que
crescem e em um bater de asas se vão à caça de novas aventuras. Faz parte.
Bom, com tudo isso acontecendo, acreditamos que
conseguimos passar para Ester as primeiras noções de respeito, as palavrinhas
mágicas, por favor... Agradecida, bom dia/tarde/noite, com licença, conceitos e
valores do que acreditamos nas questões religiosas, na ética, na moral, no
comportamento , na educação, no certo, no errado....
Fiz o papel que me foi destinado por Deus, sendo mãe/avó/educadora.
Consciência tranquila.
Certamente o tempo, a presença dos pais, irá servir de
base para a sua formação educacional, acadêmica e religiosa.
Ester passou por aqui e aqui ainda está, pois dividimos
Ester e suas coisas e suas aventuras.
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‘Está tudo tão vazio sem você...
Faz tanto silêncio...
Me dá vontade de te ver...
Aonde está você?
Me telefona....
Me chama...Me chama...”